segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Allan Kardec teria considerado o caso Amauri Xavier


O professor Leon Hyppolite Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec, teria considerado as denúncias de Amauri Xavier sobre a ideia de que as supostas mediunidades, sua e de seu tio Francisco Cândido Xavier, não teriam sido mais do que mistificação.

Diferente da atitude rancorosa dos líderes "espíritas" e de atitudes de bastidores que sugerem que Amauri Xavier pode ter sido assassinado, não bastassem as acusações contra ele fossem demasiado mesquinhas para um rapaz de sua espécie, Kardec teria apreciado o caso com a humildade de alguém com o interesse de pesquisar.

Kardec era um estudioso e, muito antes de codificar a Doutrina Espírita, via as coisas com muito ceticismo. Mas sua dúvida não o impelia a ignorar ou desprezar as coisas, mas de procurar estudá-las para ver se elas tinham um sentido de verdade ou não.

Ele não investiria em acusações caluniosas e veria aspectos lógicos da situação. "Vocês estão acusando Amauri de ser um vagabundo, ladrão e ébrio porque ele foi assim mesmo ou porque ele disse algo que não lhes agradou?", seria o mínimo que Kardec perguntaria aos "espíritas" brasileiros.

Allan Kardec teria ouvido Amauri Xavier, com dedicada paciência. Ele teria chamado Amauri para conversas e perguntaria a outros envolvidos sobre o que consiste em tais denúncias. O mestre lionês pegaria os materiais acusados de mistificação e examinaria cuidadosamente, um por um, e daria o seu parecer de maneira mais objetiva e imparcial possível.

O grande problema, para o "movimento espírita" brasileiro, é que o sentido da investigação tenderia para um parecer contrário a Chico Xavier, não porque se trata de reforçar uma "campanha injusta" ou simbolizar "julgamentos terrenos", mas por causa de aspectos lógicos referentes a irregularidades cometidas.

Afinal, não é culpa dos "inimigos eternos de Chico Xavier" que poemas atribuídos a autores falecidos apresentem problemas de estilo em relação ao que estes fizeram em vida. É a lógica, a comparação observadora que comprova que os poetas e escritores do além seriam incapazes de "perder seu talento" em prol da "linguagem universal do amor".

Não se sacrifica o talento e a individualidade para esse fim. Isso é lógico. Agir assim seria agir como um idiota. Até porque o talento e a individualidade tornam-se patrimônios ainda mais urgentes dos falecidos, já desprovidos de seus corpos e de seus atributos sociais.

Seria uma forma de identificarem-se, sem o invólucro corporal. E, ainda por cima, o espírito torna-se lúcido sem as vestes corporais. Como é que ele se tornaria medíocre no além-túmulo? Para servir à "linguagem universal do amor"? Isso não tem o menor sentido de lógica.

Por isso, os "espíritas" brasileiros, temendo ver Chico Xavier novamente no banco dos réus, agiram contra Amauri, desmoralizando-o e exagerando nos seus defeitos. Com isso, ele foi depois atirado nos bastidores para sucumbir e ser o bode expiatório da tragédia que o "espiritismo" brasileiro, rancoroso e impiedoso apesar das pregações contrárias, rogou contra o jovem.

Allan Kardec, por sua personalidade firme mas justa e generosa, teria considerado o relato de Amauri, independente de concordar com ele ou não, mas sempre agindo em favor da coerência e da lógica. E, neste caso, a coerência e a lógica não estavam ao lado de Chico Xavier.

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