quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Artigo de O Semanário tenta defender Chico Xavier - II


Segue o segundo artigo da série publicada em O Semanário, com todas as apologias exageradas em favor do "espiritismo" brasileiro e que fazem do texto não a "reportagem" que se autoproclama, mas praticamente um panfleto "espírita".

CAMPANHA INJUSTA E PRIMÁRIA CONTRA CHICO XAVIER

Por Olívio Novaes - O Semanário, Belo Horizonte

Edição 133 - Semana de 30 de outubro a 06 de novembro de 1958

Quando se fala em combate ao Espiritismo, aparece, logo, infelizmente, o catolicismo, como o iniciador desse combate. Preferíamos que assim não fosse. Lamentavelmente essa é a realidade. Não nos move nenhuma animosidade contra qualquer religião muito menos a católica, de onde afluem, sem dúvida alguma, os maiores contingentes para as fileiras do Espiritismo. Donde se conclui que a Igreja aprimora os sentimentos caritativos dos seus fiéis que, ao ingressarem na Doutrina dos Espíritos, fazem-no pelo imperativo lógico da evolução. O Espiritismo jamais iniciou qualquer campanha de combate às convicções alheias. Tem o direito, portanto, de exigir tratamento recíproco. Não se compreende, mesmo, que a essa altura da civilização, ainda tenhamos que assistir acontecimentos próprios de épocas primitivas. O Espiritismo é uma escola de aperfeiçoamento moral, de pregação dos bons costumes, de elevação espiritual. Da seriedade dos seus objetivos falam bem alto os pronunciamentos das mais elevadas personalidades, tanto espíritas quanto leigas, em todos os quadrantes do mundo. Os que pretendem enxovalhar essa realidade, dão, unicamente, uma demonstração de atraso.

No Brasil, quando se fala do Espiritismo, associa-se, desde logo, a ideia de Chico Xavier. Dado o conceito que desfruta a Doutrina Espírita, a própria associação de ideias já coloca o médium de Pedro Leopoldo no lugar que por direito ocupa. A mediunidade de Francisco Cândido Xavier é tão pura quanto sua alma e a sua vida de cidadão e de funcionário público. Ela tem sido examinada por diversas personalidades de mais alto estofo moral. E também por inúmeros adversários do Espiritismo que, ostensiva ou disfarçadamente o têm procurado, com intuitos, já se vê, de encontrar pontos vulneráveis. Houvessem encontrado e já teriam, evidentemente, explorado. Por que então, não têm a coragem moral de afirmar o que viram? Renderiam um preito à Justiça e dariam uma demonstração de não ser escravos dos preconceitos ou de injunções desse ou daquele jaez. Mas os homens de bem e de consciências libertas que até lá foram, têm proclamado, alto e bom som a verdade do que viram. E não é só isso mas também e principalmente essa coisa rara nos tempos atuais: o indivíduo concordante e seu pensamento fielmente com os princípios elevados da doutrina que professa. Diz-se que o Brasil é um país essencialmente católico. Que o catolicismo é a religião da maioria. Pois bem: se todos procedessem como Chico Xavier, é fora de dúvida que estaríamos desfrutando de uma vida menos atribulada em todos os setores menos crimes estampariam os jornais etc, porque as religiões bem praticadas conduzem e induzem a um melhor comportamento em sociedade. Mas as criaturas humanas ainda estão aquém dos princípios religiosos. Daí...

Chico Xavier, porém, exemplifica o que professa e professa o que exemplifica. Tanto é o funcionário pontual quanto o irmão extremoso e companheiro dedicado. Seu traço caraterístico é a humildade. A bússola que lhe orienta o rumo é a Caridade. Seu objetivo permanente é o Amor. Humildade, Caridade e Amor, são, dentre outras, virtudes pregadas e exemplificadas pelo Espiritismo. E, se necessário for, ilustrar essa assertiva aí temos: a humildade com que o Chico e todos nós recebemos as injúrias assacadas contra a sua honra; a caridade com que procuramos responder aos nossos irmãos detratores; o amor com que buscamos compreender suas dificuldades em aceitar e proclamar a verdade do que têm assistido ou aprendido acerca do Espiritismo. E ainda mais: a certeza com que lhe dizemos que ao Espiritismo ninguém causará mossa, por não se tratar de uma doutrina engendrada por homens falíveis, para atender necessidades eventuais, senão que um conjunto de princípios do mais alto valor moral, resultante da experiência de incontáveis Espíritos que pela Terra têm passado.

Dentre os argumentos dos que se julgam adversários do Espiritismo, está o sobrenatural. Ora, o Espiritismo sempre pregou e provou a não existência do sobrenatural. O contrário, portanto, do que alegam. Mais ainda: o Espiritismo proclama a inexistência de milagres, exatamente por negar o sobrenatural. Para o Espiritismo, o que hoje é inconcebível, inacreditável, extraordinário, decorre do relativo atraso em que ainda se encontra a Terra. Amanhã será perfeitamente admissível, aceitável normal.

COMBATE PULVERIZADO

O combate ao Espiritismo já foi, há muito, pulverizado. No Brasil e em todo o mundo. Porém, como a Hidra de Lerne da lenda, que somente seria vencida se tivesse, de um só golpe, cortados todos os seus tentáculos - produtos da má-fé aliada à ignorância - procurando negar ou esconder o que é, já agora, sabido pelo mundo inteiro: a realidade do Espiritismo. Em nosso país, no passado como no presente, homens da maior envergadura moral, intelectual e social já pulverizaram os ataques contra o Espiritismo. E o fizeram com a elegância que lhes é peculiar. Desde Bezerra de Menezes, Viana de Carvalho, Leopoldo Cirne, Everton Quadros, Guillon Ribeiro, Manuel Quintão, Sayão Bitencourt Sampaio, Lins de Vasconcelos, Inácio Bitencourt e centenas de outros, no passado, até à atualidade, com Carlos Imbassaí (Imbassahy), Deolindo Amorim, Aurino Barbosa Souto, A. Pereira Guedes, Xavier d'Araújo, Gen. Duque Estrada, Lauro Sales, Amadeu Santos, Prof. Arnaldo Santiago, Caetano Mero, Gen. Levino Wischral, Campos Vergal, Vinícius e muitos outros, além dos próprios Espíritos, através da mediunidade de Chico Xavier, todos vêm procurando explicar, mostrar, provar com a autoridade irretorquível dos fatos não mais a realidade do Espiritismo, apenas, mas a sua importância na reforma do comportamento da sociedade humana. O Espiritismo reforma, inicialmente, a criatura. Reformada esta, a sociedade estará reformada. Não seria possível modificar-se a vida de um pais, sem, antes, transformar-se, para melhor, a conduta do povo que o compõe. Ainda agora vemos uma série de crimes diariamente publicado nos jornais. Haveria lei alguma que, determinando em seu artigo: "fica extinto o crime no Brasil", conseguisse, de imediato, o seu objetivo? Jamais. A propósito, vale recordar que se há um país no mundo onde existem leis sábias, humanas e até avançadas, esse é o Brasil. E por que nos encontramos na conjuntura atual? Por que o homem brasileiro ainda está despreparado para descobrir o tesouro incalculável sobre o qual está vivendo. Há uma lenda hindu, segundo a qual o esmoler passara uma existência inteira a estender a mão aos mandantes. No dia seguinte à sua morte, ao revolverem a pedra em que permanecera sentado, encontraram vastíssimo e incalculável tesouro. Assim é o homem despreparado. Preparar o homem para as grandes realidades, para a razão de ser da sua finalidade no mundo, tem sido e será, sempre, a preocupação do Espiritismo e dos espíritas, de um modo geral.

O VERDADEIRO OBJETIVO

O verdadeiro objetivo dos que trazem para as colunas da publicidade o nome de Chico Xavier, não é, propriamente, o já famoso médium de Pedro Leopoldo, mas, sim o bom nome do Espiritismo. Este, como aquele são inconspurcáveis, porém. O Espiritismo não pede a ninguém que para ele venha. Solicita, isso sim, que o estudem. Que o façam os detratores gratuitos da Doutrina dos Espíritos, porém, com sinceridade, com honestidade, e então terão verificado a inutilidade, inocuidade e inoportunidade desse combate tão primário quanto medieval.

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