sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Artigo de O Semanário tenta defender Chico Xavier - III


Segue a terceira e última parte do artigo de O Semanário, em que encerra sua sequência de apologias exageradamente religiosas em prol do "espiritismo" brasileiro e de seu astro principal, Chico Xavier.

CAMPANHA INJUSTA E PRIMÁRIA CONTRA CHICO XAVIER

Por Olívio Novaes - O Semanário, Belo Horizonte

Edição 134 - Semana de 06 a 13 de novembro de 1958

Ao encerrarmos esta série de reportagens queremos recapitular para os nossos leitores, o motivo que a ensejou, e que foi, como se sabe, uma nota publicada em "O Globo", de 16-7-58, dizendo que um sobrinho de Chico Xavier, ao procurar um jornal de Belo Horizonte, declarara que tudo quanto ele - Amauri Pena, esse o seu nome - havia escrito, apesar das diferenças de estilo, fôra criado pela sua própria imaginação, sem que para isso houvesse qualquer interferência de almas-do-outro-mundo ou qualquer fenômeno miraculoso. Tanto bastou para que o "maior jornal do país" acrescentasse, por sua conta, que havia desmascarado Francisco Cândido Xavier. Em que parte do mundo já se viu as declarações de uma pessoa, sobre si mesma, servirem para desmascarar outra? Desmascarado foi, nesse caso, o sr. Roberto Marinho, demonstrando estar a serviço de campanhas gratuitas contra uma Doutrina, da qual jamais teve motivos para combatê-la. Desmascarado foi o sr. Roberto Marinho, ao revelar o tipo de jornalismo que está transmitindo aos seus alunos, já que é diretor de uma escola de jornalismo e cujos alunos fazem estágios em "O Globo".

Esses futuros orientadores da opinião pública, portanto, estão recebendo aulas, não de um jornalismo sadio, como convém e é necessário ensinar-se, mas de mau jornalismo, como se infere da própria torção da notícia que deu origem a esta série de reportagens. Que se acautelem, pois, os pais dos alunos de jornalismo da Faculdade Católica (Comunicação Social. PUC-DF, atual PUC-RJ) quanto ao falso jornalismo que está sendo transmitido a seus filhos. Há jornalistas, Jornalistas-Diretores e Diretores de Jornal, simplesmente este último é o caso do Sr. Roberto Marinho conquanto possa estar registrado como jornalista. Tem muitos, porém, nas mesmas condições, mas que jornalistas não são na verdadeira acepção do termo. Jornalista de verdade, foi seu ilustre pai. Fazemos, então justiça à grande qualidade de diretor de jornal que é o Sr. Roberto Marinho no sentido de bem vender ideias.

O VERDADEIRO CHICO XAVIER

Chico Xavier não pode ser desmascarado pela simples razão de que jamais usou máscara. Sua vida é um livro aberto, quer como funcionário exemplar, quer como irmão, amigo e cidadão. Sua simplicidade e humildade contrasta com a arrogância e a vaidade de seus opositores. Sua honestidade é precisamente o que confunde os que pretendem combater sua obra. Chico Xavier já recebeu, através de sua mediunidade, mais de 60 volumes de escritores diversos, além de centenas de milhares de páginas avulsas que, concatenadas em livro dariam mais dezenas de volumes. Se houvesse declarado que essa produção era de sua autoria, já teria talvez logrado assento em mais de uma academia. Como, porém, afirma ser dos Espíritos, falando portanto, a verdade sobre o apodo, as infâmias, as injúrias de que tem sido vítima. Chegamos a um ponto no mundo em que ser honesto é crime, e falar a verdade é ser passível de combate!

PATRIMÔNIO DO MUNDO

Ao publicarmos esta série de reportagens fizemo-lo tão somente movido pela obrigação de defender um justo contra a injustiça; um fraco contra os poderosos, a verdade contra o embuste. Não recebemos procuração do famoso médium de Pedro Leopoldo. Antes, pelo contrário, se o tivéssemos dado ciência prévia, dele teríamos recebido a solicitação de não o fazer. Chico Xavier é, hoje, patrimônio do mundo. Suas produções já transpuseram as fronteiras, juntamente com a santidade de sua vida. Só não a conhecem - por que não lhes convém - os ímpios, os heréticos, os atassalhadores da dignidade alheia. Esta ressalva tem em mira dizer que existe uma instituição que está no dever, inclusive de promover as medidas judiciais que no caso couberam visando à defesa da honra daquele que lhe tem sido um filão inapreciável de recursos. Nós o fazemos cumprindo nosso dever da mesma forma que outros já o fizeram ou o farão. E queremos dizer, na oportunidade que na defesa dos oprimidos, dos injustiçados, dos sofredores, estaremos sempre na estacada, pois esse é o dever do cristão do Cristo, do indivíduo de boa formação moral, do religioso no bom sentido, enfim. A autoridade com que falamos discorre também do livro aberto que é a nossa vida. Jamais conhecemos a tibieza ante a opressão dos humildes; o conforto face ao sofrimento dos nossos semelhantes, principalmente no campo social. Não é próprio, mesmo, de quem se disser espírita ou simplesmente cristão, negar a justiça, acomodar-se á torção da verdade, pactuar com o erro, acovardar-se, enfim, quando a cristalinidade dos seus ideais vale e impõe o sacrifício da própria vida pois que esta pouco ou nenhum valor tem sem dignidade, sem liberdade e sem o direito de esclarecer a humanidade, através da cultura, como o faz Francisco Cândido Xavier.

A verdade, a importância e a oportunidade do Espiritismo já foram e são constantemente proclamadas por todos os homens de bem. Ainda há pouco, num processo ignominioso movido contra outro médium de Congonhas do Campo, pelo simples fato de curar os sofredores, isto é, fazer o bem aos desenganados da ciência inclusive, após a justiça o haver condenado, tal como o fizera o Sinédrio, foi o próprio Sr. Presidente da República, que como Médico e como Primeiro Magistrado do País, reconheceu a realidade de tais operações, mandando indultar o jovem veículo dos desígnios do Alto.

Tal como Chico Xavier, que jamais recebeu qualquer centavo pela atividade que desenvolve em razão da sua mediunidade, José Arigó não permite que se lhe falem em recompensa de qualquer espécie, ficando, ao revés, molestado moralmente, se alguém tenta insistir. Daí crismarem-no de exercer a falsa medicina Quer dizer, então, que a Medicina só é verdadeira quando paga? Para os Espíritos, porém, a eficácia da Medicina resulta das curas que produz e não do rendimento financeiro. Essa a distância que separa o Espiritismo do Cientismo. O Espiritismo cura, indistintamente e de preferência, os necessitados. Quem cura são os Espíritos, isto é, a alma de Médicos de grande saber já desencarnados, melhor explicando, fora da matéria. Quem possuir recursos e com eles puder curar-se, não procurará, é claro, os médiuns espíritas. Os que apesar de tudo não conseguem alívio aos seus sofrimentos mediante a aplicação da ciência terrena, ao procurarem curar-se fora dos conhecimentos acadêmicos, usam apenas de um direito que lhes é assegurado pela lei natural: o de legítima defesa.

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