domingo, 15 de fevereiro de 2015

A "alta cultura" do Brasil que quer ser o "Coração do Mundo"

A FUNQUEIRA ANITTA REBOLANDO PARA CRIANÇAS - Cadê a educação das "crianças-índigo"? 

Uma das promessas feitas pela "maravilhosa profecia" de Francisco Cândido Xavier é que o Brasil viverá uma grande revolução no âmbito da cultura, em que grandes artistas virão com sua melhor música, a espalhar o melhor do nosso patrimônio cultural não só para os brasileiros, mas também para o mundo inteiro.

Vendo a situação como está hoje, a quatro anos da "data-limite", só rindo para não chorar, porque estamos em um momento extremamente o contrário do que Chico Xavier garantiu, através do relato de seu sonho, que iria acontecer em breve no nosso país.

Vivemos uma situação de degradação cultural que parece não acabar. Mesmo quando há, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, um desgaste muito grande de ídolos da axé-music, do "forró eletrônico" e do "sertanejo", o país parece ainda agravar sua situação, já que temos um quadro pior do que se imagina.

Vivemos uma relação entre os poderes das corporações midiáticas e da indústria do entretenimento, aliados à degradação educacional, que faz com que nossos jovens ou mesmo adultos, nossos pobres ou mesmo os mais abastados, a menosprezarem o nosso patrimônio cultural.

As pessoas não se interessam por literatura e, quando interessam, leem livros de auto-ajuda ou best sellers tipo aventuras fantasiosas ou diários sobre frivolidades. E, se observarmos que a chamada literatura "espírita" é extremamente ruim - Chico Xavier e Divaldo Franco estão dentro - , a coisa chega ao ponto da calamidade pública.

Grandes artistas, grandes intelectuais e grandes cientistas do país existem, mas eles não têm visibilidade, são desprezados e até hostilizados nas mídias sociais e não têm verbas para furar o bloqueio do prestígio e da popularidade fácil.

Pior, quando pessoas de grande valor morrem, podendo ser Sylvia Telles, Leila Diniz, Renato Russo, Glauber Rocha, Milton Santos ou José Wilker, o Brasil entra em prejuízo, porque eles podem até serem admirados de uma forma ou de outra, mas não deixaram uma sólida geração de seguidores.

Em contrapartida, há uma multidão de sub-celebridades que querem permanecer em evidência por qualquer bobagem, pessoas sem talento que tentam manter a fama se autopromovendo até mesmo por seus defeitos e escândalos, os mais diversos e constrangedores.

Até perguntamos se a expressão cultural "protegida" pelas "boas vibrações" do "coração do mundo" seguem a perspectiva "carnavalesca", da inversão de valores, e que a "alta cultura" que prevalece é justamente o rol de baixarias, futilidades e leviandades que se observa sob o rótulo de "cultura popular" no Brasil.

Furar o cerco de empresários do entretenimento e do poder midiático associado, e enfrentar uma juventude furiosa que vê na breguice e na imbecilização cultural em geral como estímulo para suas catarses pessoais é uma tarefa árdua e sujeita até mesmo a represálias, que poderiam chegar ao ponto de receber vírus na Internet ou ser assassinado por jovens riquinhos fãs de "funk".

CHITÃOZINHO & XOXORÓ - A canastrice da dupla é o máximo que encontramos de "sofisticado" e "erudito" na cultura musical dominante no país.

Quando se permite alguma expressão da cultura de verdade, a própria mídia e o mercado trabalham como se fosse algo velho, ultrapassado, liberado para uma degustação pelo avesso, como é o caso de nossa belíssima literatura, com grandes escritores reduzidos a meros autores de frases ou curtos parágrafos com lições "pragmáticas" para a vida humana.

Isso sem falar da Música Popular Brasileira que hoje se perde em homenagens intermináveis, como se estivesse em processo de despedida para se extinguir de vez. E, o que é pior, nosso rico patrimônio cultural, mesmo aquele feito nas senzalas e ocas, hoje está condenado a mofar nos museus ou, quando muito, a ser apreciado por elites cada vez menores de especialistas.

A coisa está tão deplorável que o máximo de "sofisticação" e "erudição" que temos em notícia na grande mídia está na breguice sonora de uma dupla como Chitãozinho e Xororó, incapaz de lançar um sucesso expressivo de sua lavra, e usando suas vozes estridentes para cantar sob orquestra ou, agora, fazer covers do repertório do respeitado Antônio Carlos Jobim.

A nossa literatura também não é confiável, já que mesmo a blogosfera é algo que precisa selecionar como quem cata arroz para separar seus melhores grãos de grãos ruins ou de outros ingredientes como alpistes, pedras e outros, para não dizer os grãos que servem de casulo para pequenos insetos.

Muitos dos textos mais parecem um relato de banalidades sem importância, ou então de meros dicionários de gírias e costumes da moda, sem algo que acrescentasse à nossa vida, muito longe do que fazia Machado de Assis, Raul Pompéia e outros mestres do passado.

"CRIANÇA-ÍNDIGO"? - Funqueiro MC Pedrinho é a "grande sensação" do momento, interpretando baixarias pornográficas com apenas 12 anos.

E se incomoda a pseudo-sofisticação musical de Chitãozinho & Xororó, Alexandre Pires, Zezé di Camargo & Luciano e tantos outros, eis que a noção de "novidade" está associada a uma criança de 12 anos que, tornando-se intérprete de "funk", despeja no microfone baixarias de cunho pornográfico e palavrões.

MC Pedrinho é esse menino, cujo exemplo frustra as expectativas de haver uma "criança-índigo" da forma como acreditam os "espíritas" brasileiros, um líder esclarecido e muito inteligente a lançar valores edificantes e grandiosos para a humanidade.

Mas num país em que uma funqueira marcada por baixarias grotescas como Valesca Popozuda quer agora se passar por "refinada", como se fosse fácil uma discípula de Carla Perez (de quem é sósia) e Tati Quebra-Barraco se tornar uma "Audrey Hepburn dos trópicos", há quem diga, como muitos intelectuais ditos "renomados", que MC Pedrinho é apenas um "novo Gregório de Matos" a causar polêmica com seu sucesso.

Enquanto isso, a "boa poesia" musical está em canções que exaltam a bebedeira, o sexo impulsivo e grosseiro, num mercado em que existem mulheres que vivem só de mostrar o corpo, mercado cujos princípios a serem defendidos são os piores possíveis para nossa sociedade, sendo empurrados até para o público de formação universitária.

Vivemos um vazio de valores e um mercado e uma mídia viciados. e o Brasil não parece sair disso, por causa de todo um lobby que envolve acadêmicos, executivos de mídia, empresários de agência de famosos (que empregam sub-celebridades), jornalistas e ativistas sociais, que se comprometem a defender a imbecilização cultural por interesses que lhes são estratégicos.

Afinal, diante de uma multidão ao mesmo tempo submissa e idiotizada, as elites faturam mais, o mercado se movimenta, é mais dinheiro para um grupo privilegiado de pessoas, enquanto o povo é desestimulado a questionar o que lhe é imposto como "sucesso" ou como "modelo de personalidade" a ser seguido, num contexto em que até as gírias são impostas pelo poder midiático.

E o nosso "profeta" Chico Xavier com isso? Ele tem boa parte na culpa, porque pedia para nós orarmos em silêncio diante dos absurdos e adversidades da vida, e que soframos o pior sob o silêncio da prece.

Aí ele prometia que o "juízo do tempo" iria cuidar de nossos algozes. Mas aí eles permanecem no poder, aumentam privilégios e sobrevivem até a avalanches de escândalos e encrencas, demorando uns 100 ou 200 anos (uma ou duas encarnações) para sofrerem as consequências de seus atos.

Eles mantém o poder até para promover a degradação cultural e torná-la autossustentável às custas de muito marketing e uma intensa blindagem de intelectuais e celebridades. E depois vão os "espíritas" dizerem que nossa melhor cultura está em alta e que o país está pronto para comandar o mundo.

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