sexta-feira, 17 de abril de 2015

Por que não tem cabimento dizer que militares dos EUA confirmaram tese de Chico Xavier


Muitos ainda insistem que dois militares norte-americanos, Robert Salas e Robert Jacobs, "confirmaram" a tese da "Data-Limite segundo Chico Xavier", e defendem essa absurda ideia com o máximo de convicção.

No entanto, eles não conseguem dar um argumento consistente para corroborar essa tese, dando um discurso completamente confuso em que vagas alegações científicas, além de outras de cunho ufológico e geopolítico, se misturam com pregações igrejistas. Em nome da "caridade", pode-se enrolar misturando meias-verdades com mentiras completas.

Vejamos o caso, aliás dois. São dois testemunhos sobre fatos semelhantes, correspondentes à suposta vista de naves extraterrestres sobrevoando bases da Aeronáutica, nos EUA. Robert Jacobs relata o caso da base de Vandenberg, Califórnia, em 15 de setembro de 1964 e Robert Salas, por sua vez, narra o caso da base de Malstrom, Montana, em 16 de março de 1967. Ambos nos EUA.

Nenhum deles têm ideia exata de quem foi Chico Xavier e os defensores da tese da "confirmação" simplesmente não trouxeram um único argumento lógico, um único embasamento teórico que pudesse realmente afirmar que os militares confirmaram essa tese.

Em primeiro lugar, a argumentação que eles fazem é vaga e imprecisa, típica das interpretações tendenciosas e sem fundamento. Cria-se um discurso no qual junta-se naves extraterrestres, conflitos entre os países ricos e catástrofes naturais, junta-se a essa gororoba uma pregação igrejista e, pronto, "Chico Xavier tem sempre razão". Logo o anti-médium, que hostilizava o raciocínio lógico.

Em segundo lugar, essa argumentação é meramente brasileira, sem qualquer reflexo no que pensam e dizem os cientistas e estrategistas políticos do Primeiro Mundo. Só o provincianismo dos chiquistas, bem à altura do caipira de Pedro Leopoldo, é que acham que os chefes da OTAN estão ouvindo Chico Xavier e, a partir dele, estão negociando processos de paz e recuperação ambiental.

Mas isso faz parte do Brasil, infelizmente. Cria-se uma lorota, como se nota nos tenebrosos nomes da música popularesca que domina as rádios e TVs, em que o ídolo do momento se apresenta em inexpressivos bares dos subúrbios da Espanha e da Itália e vai a mídia dizer que ele conquistou o mundo inteiro, que arrastou multidões em todo o planeta.

Esse discurso só funciona no Brasil. Mas aí as pessoas mostram revistas estrangeiras, que na verdade são de quinto escalão, com o ídolo popularesco na capa. Da mesma forma, chegam a mostrar publicações acadêmicas de menor expressão para "confirmar" que o suposto André Luiz antecipou uma descoberta científica em 60 anos, uma conclusão infundada desde sua metodologia.

Não importa. Esse papo furado só faz sentido entre os brasileiros, porque mesmo a divulgação estrangeira é medíocre, feita por espaços sem muito conceito, de baixíssima reputação. O funqueiro vai se apresentar num puteiro de um subúrbio de Nápoles e a mídia brasileira inventa que até os ingleses se ajoelharam a ele. É um hábito produzir lorotas desse tipo.

O que houve é que militares simplesmente disseram terem visto naves extraterrestres. Só isso. Mas daí a dizer que eles "confirmaram" as teses do sonho que Francisco Cândido Xavier teve em 1969 e foi relatado a Geraldo Lemos Neto é uma grande bobagem.

Primeiro, porque até os relatos de Robert Jacobs e Robert Salas ainda são discutíveis e misteriosos, e causam muita polêmica nos meios militares e científicos dos EUA. Aparentemente, são apenas relatos e ainda não há uma confirmação séria de que isso realmente teria ocorrido.

Segundo, se esses relatos já são discutíveis em si, por que insistir que eles confirmaram a tese de Chico Xavier, se o sonho que o anti-médium mineiro teve é dotado de sérios erros de abordagem, de argumento e tudo, desde a ideia de uma "data fixa" para a evolução da humanidade, que Allan Kardec NUNCA defendeu em hipótese alguma em suas obras.

Se prever uma data fixa é algo inconcebível porque é da natureza dos homens a imprevisibilidade, conforme deixa claro Kardec em A Gênese, então podemos ter completa segurança que a "profecia" de Chico Xavier foi uma grande perda de tempo.

Por outro lado, se ainda é preciso estudar, questionar e avaliar os relatos dos dois militares estadunidenses, então a palavra que não deve ser pronunciada em momento algum é "confirmação". Portanto, Chico Xavier saiu derrotado nessa história. Com toda a certeza.

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