sábado, 16 de maio de 2015

Jair Presente e a possível comunicação dos "centros espíritas"


Dialogando aqui com o blogue Obras Psicografadas, buscamos relatar um dos aspectos estranhos envolvendo a suposta psicografia relacionada ao espírito do jovem Jair Presente, caso já analisado por aqui. É o da possível comunicação entre os "centros" de Campinas e Uberaba.

Não existe uma prova sobre isso, mas a hipótese, se não é confirmada, é provável, ou seja, digna de ser um dia provada. A pesquisa acadêmica de Alexandre Caroli Rocha e Alexander Moreira Almeida, em projeto conjunto da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de Juiz de Fora, intitulada Investigating the Fit and Accuracy of Alleged Mediumistic Writing: A Case Study of Chico Xavier’s Letters” (Investigando o Acerto e Precisão de Suposta Escrita Mediúnica: Um Estudo de Caso de Cartas de Chico Xavier), se dedica ao assunto.

No entanto, os pesquisadores procuram sinalizar para a suposta veracidade das cartas. O núcleo de Saúde e Espiritualidade da Universidade Federal de Juiz de Fora adota uma postura tendenciosa no sentido de ser favorável a Francisco Cândido Xavier e buscar uma sustentação acadêmica com este objetivo, ainda que dotada de falhas metodológicas graves.

Sobre o caso Jair Presente, Obras Psicografadas cita o caso da senhora Wandir Dias, dirigente do Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa, situada no bairro do Grameiro, em Campinas. Wandir, vendo que o senhor José Presente, pai de Jair, estava abatido, lhe falou sobre a ideia da vida após a morte e lhe deu o livro Presença de Chico Xavier.

Não existe uma comprovação entre as comunicações entre a conhecida Casa Espírita Maria Rosa e o "centro" de Uberaba onde Chico Xavier trabalhava, e o fato de José Presente ter falecido em 2006, impossibilitando a revelação do diálogo para desfazer certas dúvidas.

A equipe de Alexander Moreira alega que dificilmente Chico Xavier teria entrado em contato com o "centro" de Campinas - que, sabemos, era a cidade onde Jair Presente viveu e morreu, tendo 25 anos incompletos na ocasião do óbito, em fevereiro de 1974 - , mas nada impede que houvesse comunicação entre os "centros" de Campinas e Uberaba, apesar de sua grande distância rodoviária.

Os "centros" vivem dessa aparente solidariedade e integração, sobretudo depois da crise do roustanguismo que forçou a "paz espírita" nos padrões que hoje existem, com um aparente equilíbrio entre FEB e entidades regionais, entre um kardecismo de fachada e uma praxe roustanguista enrustida, sem que o nome de Roustaing seja mencionado, a não ser para supostas críticas.

Mas há indícios, como OP mostrou, como uma carta atribuída ao espírito de Jair Presente que teria sido transmitida em 18 de outubro de 1974 na Casa Maria Rosa, se situando entre a terceira e a quarta cartas supostamente psicografadas por Chico Xavier.

A mensagem em Grameiro não teria sido aceita como autêntica pela irmã de Jair. Além disso, uma menção de que Jair teria "ditado" a mensagem obtida em Campinas é relatada na quarta mensagem trazida pelo anti-médium mineiro.

Teria Chico Xavier recebido os jornais de Campinas que noticiaram a morte de Jair Presente, junto a uma cópia das "psicografias" obtidas no "centro" da referida cidade paulista? Muito provavelmente. Até a título de informação sobre o caso.

Consta-se que a mãe de Jair Presente passou a trabalhar no "centro" de Wandir Dias depois da primeira carta "psicografada" por Xavier, o que indicaria uma facilidade para enviar material de Campinas para Uberaba.

Outros aspectos: os amigos de Jair Presente não acreditavam na veracidade das "psicografias" mesmo depois da divulgação da sexta mensagem. Só a impressão deles e a da irmã de Jair Presente, que conviveram com o falecido, dão forte indício do caráter duvidoso das "psicografias".

O que chama a atenção e foi relatado por OP é que o hoje líder da Conscienciologia e ex-parceiro de Chico Xavier, Waldo Vieira, afirmou em uma entrevista que o anti-médium mineiro, após o rompimento da parceria, "passou a receber cartas marcadas".

GÍRIA - Obras Psicografadas chama a atenção pelo fato da primeira mensagem atribuída a Jair Presente não apresentar gírias, enquanto elas se tornaram "abundantes" nas posteriores. A primeira mensagem seguia o mesmo padrão "típico" das mensagens trazidas por Francisco Cândido Xavier.

É provável que vieram queixas de que Jair Presente nunca falava ou escrevia da forma como a primeira mensagem se manifestava. Chico Xavier teria "corrigido" o erro nas mensagens posteriores, mas o que se viu foram mensagens alucinadas que mais pareciam paródias de um hippie chapado, "encharcado" de ácido lisérgico (LSD).

As mensagens que vieram depois da primeira tornaram-se um amontoado grotesco de gírias da moda, mas em vez de se aproximar da veracidade do espírito de Jair Presente, continuavam tão postiças e falsas quanto a primeira mensagem que segue o "padrão Chico Xavier", mesmo pelo motivo extremamente oposto.

Isso porque as mensagens posteriores indicavam até mesmo uma aflição que não existia na primeira mensagem, o que causa uma grande confusão, porque seria esperado que Jair se tornasse mais tranquilo a cada mensagem, e no entanto os textos pareciam mais tensos e a linguagem agressiva e nervosa, que em forma de estereótipo sugeriam mais alguém que ingeriu um "baseado" (droga ilícita).

CONCLUSÃO

Há um forte indício de que material teria sido enviado para Chico Xavier vindo de Campinas. Seria necessário um levantamento de correspondências, mas não se sabe se esse material já foi jogado fora, no decorrer de quatro décadas passadas.

O que podemos inferir é que é bem possível que Chico Xavier teria pedido material que lhe informasse de quem teria sido Jair Presente. Seria da prática dele, conforme os que revelam seus bastidores. E mesmo os chiquistas não deixam de manifestar esse interesse de pesquisa, mesmo quando apelam para a autenticidade das supostas psicografias.

Concluímos então que a hipótese de que Chico Xavier teria recebido jornais e outros documentos sobre Jair Presente e as supostas mensagens trazidas de Campinas, ainda que esteja longe de uma comprovação, sejam altamente prováveis, pela própria natureza correspondente às suas atividades, numa análise investigativa e sem mistificações.

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