domingo, 20 de setembro de 2015

O "espiritismo" tenta dar lição de moral


O "bom-mocismo espírita" que se observa, recentemente, nas páginas de seus "centros" e de personalidades influentes através de suas "receitas para o bem-viver" poderiam ser atitudes bastante louváveis, se não fosse o histórico desastrado que a doutrina brasileira acumulou ao longo das décadas.

Se multiplicam os textos correspondentes às "dicas de qualidade de vida". Sempre a mesma conversa: viva o hoje, não sinta raiva, sorria sempre, pense antes de agir errado, avalie seus potenciais e equívocos etc etc etc. Tudo parecendo bonito e bem intencionado.

Todavia, para uma doutrina que nunca ajudou em coisa alguma como o "espiritismo" brasileiro, que em suas energias confusas fazia com que os tratamentos espirituais fossem fontes de vibrações malignas, trazendo mais azar do que sorte na vida, essas "dicas" revelam o desespero de um movimento em séria crise.

Que as coisas não caem do céu, isso é verdade, e que o esforço individual é decisivo para alguma relação, isso é indiscutível. Mas a "ajuda amiga" do "espiritismo" só complicava as coisas, e não havia esforço individual que pudesse realizar um objetivo, e, para piorar, às vezes resultava em desastres e fracassos ainda piores.

As pessoas recorrem ao tratamento espiritual mediante uma séria dificuldade, achando que era uma forma "realista" de obter alguma sorte para fazerem alguma coisa, pelo menos com a certeza de que a iniciativa individual se revelaria menos arriscada e mais exitosa possível.

Essas pessoas seguem todo o receituário, se cercam de boas vibrações, evitam as tensões do dia-a-dia, se alimentam de maneira saudável e cumprem todas as recomendações dadas pelo auxílio fraterno "em nome dos espíritos superiores" que supostamente protegem o "centro espírita". Assistem a doutrinárias e tudo para manter a "boa sintonia".

Só que, em vez do problema que impulsionou ao tratamento acaba, ele não só se agrava como outros problemas sérios são contraídos. Às vezes a solicitação não dá o resultado desejado, e se o homem com dificuldades na vida amorosa queria conquistar uma mulher de sua afinidade, ele acaba atraindo uma mulher que nada tem a ver com esse objetivo.

Pior é que surgem, no meio do caminho, encrencas, infortúnios e dissabores diversos. A sorte que o infeliz procurava na vida não é obtida e teria sido melhor se ele tivesse feito aquelas simpatias que são ditas até em programas de rádio ou aparecem em páginas de almanaques ou revistas de farmácias. Um tratamento espiritual chega a ser mais azarento do que passar debaixo de escada.

Isso tem muito a ver com o caráter confuso e contraditório do "espiritismo" brasileiro, que deturpa o pensamento de Allan Kardec até a medula, praticamente jogando as lições do pedagogo francês no lixo. Esse rol de contradições faz da doutrina brasileira uma bagunça, o que atrai a ação de espíritos traiçoeiros.

É por isso que o "espiritismo" acaba ficando desmoralizado. Se o "exemplo superior" de Francisco Cândido Xavier está associado ao apoio a fraudes de materialização e à prática de pastiches literários, entre outras tarefas lamentáveis, o que dizer dos "centros espíritas" e seu pessoal "ainda não muito evoluído" que realizam as atividades "em auxílio" à sociedade?

A contradição vai longe quando sabemos que Chico Xavier fazia apologia ao sofrimento humano e recomendava aos sofredores agirem sem queixumes, sofrendo "com amor" e buscando a oração em silêncio (provavelmente para não perturbar o sossego dos opressores e privilegiados) e os palestrantes "espíritas" depois dizem que "não viemos aqui para sofrer e sim para sermos felizes".

Essa grande contradição faz com que o "espiritismo" perca a autoridade em dar dicas para as pessoas superarem seus sofrimentos, porque torna-se inútil, a esse ponto da caminhada, que "espíritas" venham com seu bom-mocismo tardio com "receitas prontas" para a melhoria pessoal e para a qualidade de vida do indivíduo.

Depois de tantos estragos cometidos, chega a ser hipocrisia falar que nós devemos mudar nossos pensamentos, eliminar a angústia e sorrir para a vida, diante de tantos retrocessos que ocorrem em nosso cotidiano. O próprio "espiritismo" nunca mudou seu pensamento e continua sendo um sub-catolicismo canhestro e grosseiro. "Resgate moral" na vida dos outros é refresco.

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