segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Comparando textos de Percival Lowell com os de Chico Xavier


Vamos confrontar os textos do astrônomo Percival Lowell, um dos mais renomados cientistas que pesquisaram a vida em Marte, já na virada dos séculos XIX e XX, com os textos que os "espíritas atribuem a Francisco Cândido Xavier como "pioneiros" na análise do assunto.

A diferença de qualidade é gritante e é cada vez mais aberrante o Brasil acreditar como oficial uma visão que nada tem de científica nem objetiva. Os relatos que se atribuem a "descoberta" de vida em Marte por Chico Xavier, além de se fundamentarem a visões religiosas, são superficiais e meramente especulativas, não bastasse serem tardiamente publicadas, em 1935 e 1939.

O assunto era fartamente discutido no século XIX, antes mesmo de Chico Xavier nascer. Lowell lançou três livros, Mars (1895), Mars and Its Canals (1906) e Mars as the Abode of Life (1908), todos mencionando, de forma mais consistente, temas que Chico Xavier trabalhou de maneira piegas e superficial.

Selecionamos trechos do segundo livro, Mars and Its Canals, que se referem ao problema da poluição observado nas sociedades modernas, depois do surgimento das indústrias e da energia elétrica. Eles serão reproduzidos depois dos alegados trechos dos livros "psicografados".

Lowell afirma que o estudo dos canais de Marte, possivelmente feitos por criaturas de notável inteligência que teriam vivido no Planeta Vermelho, a partir do aproveitamento de reservas de água que se deslocavam em linhas escuras vistas em declives e próximas às colinas, façanha já observada por Giovanni Schiaparelli em seus "canali", serviriam para resolver os problemas da Terra.

Seus estudos seriam uma maneira de analisar como a presença de água, de vida humana e sociedades avançadas em Marte poderiam nos dizer a respeito dos problemas causados pela sociedade moderna, no contexto em que os livros foram publicados, entre 1895 e 1908, sendo o mais recente, portanto, anterior ao nascimento de Chico Xavier.

De Chico Xavier, reproduziremos os trechos identificados como supostas "previsões" sobre vida em Marte, extraídos dos livros Cartas de uma Morta, de 1935, atribuído ao espírito de Maria João de Deus, mãe do suposto médium, e Novas Mensagens, de 1939, que Chico Xavier lançou usando o nome do falecido Humberto de Campos. Em seguida, reproduziremos os trechos de Lowell.

Pouco importa se os textos de Chico Xavier são, à primeira vista, "mais simplificados". Isso é relativo. Afinal, uma observação mais cuidadosa demonstra até o inverso, pois as abordagens de Lowell, embora longas, são muito mais simples e concisas, enquanto as de Chico Xavier tornam-se prolixas e forçadamente eruditas, resultando em leitura pesada e cansativa, o que põe em xeque-mate a tese de que Humberto de Campos teria "voltado" através da pena do anti-médium mineiro.

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A VISÃO DE CHICO XAVIER

"Vi-me à frente de um lago maravilhoso, junto de uma cidade, formada de edificações profundamente análogas às da Terra. (...) Vi homens mais ou menos semelhantes aos nossos irmãos terrícolas, mas os seus organismos possuíam diferenças apreciáveis. Além dos braços, tinham ao longo das espáduas ligeiras protuberâncias à guisa de asas, que lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitivas. (...) O ar é muitíssimo mais leve: conhecem os enigmas profundos da eletricidade, que usam com maestria; as edificações são análogas às da Terra; a vida em Marte é mais aérea – poderosas máquinas; embora existam oceanos, há pouca água; sistemas de canalização; poucas montanhas.

Assegurou-me, ainda, o desvelado mentor espiritual, que a humanidade de Marte evoluiu mais rapidamente que a Terra e que desde os pródromos da formação dos seus núcleos sociais nunca precisou destruir para viver, longe das concepções dos homens terrenos cuja vida não prossegue sem a morte e cujos estômagos estão sempre cheios de vísceras e de virtualhas de outros seres da criação".

(CARTAS DE UMA MORTA, 1935)

"Todos os grandes centros deste planeta (Marte), esclareceu o nosso amigo e mentor espiritual, sentem-se incomodados pelas influências nocivas da Terra, o único orbe de aura infeliz, nas suas vizinhanças mais próximas, e, desde muitos anos enviam mensagens ao globo terráqueo, através das ondas luminosas, as quais se confundem com os raios cósmicos cuja presença, no mundo, é registrada pela generalidade dos aparelhos radiofônicos.

Ainda há pouco tempo, o Instituto de Tecnologia da Califórnia inaugurou um vasto período de experiências, para averiguar a procedência dessas mensagens misteriosas para o homem da Terra, anotadas com mais violência pelos balões estratosféricos, conforme as demonstrações obtidas pelo Dr. Robert Millikan, nas suas experiências científicas".

"Tive, então, o ensejo de contemplar os habitantes do nosso vizinho, cuja organização física difere um tanto do arcabouço típico com que realizamos as nossas experiências terrestres. Notei, igualmente, que os homens de Marte não apresentam as expressões psicológicas da inquietação em que se mergulham os nossos irmãos das grandes metrópoles terrenas. Uma aura de profunda tranquilidade os envolve. É que, esclareceu o mentor que nos acompanhava, os marcianos já solucionaram os problemas do meio e já passaram pelas experimentações da vida animal, em suas fases mais grosseiras. Não conhecem os fenômenos da guerra e qualquer flagelo social seria, entre eles, um acontecimento inacreditável".

"Marte tem cidades fantásticas pela sua beleza inaudita: avenidas extensas e amplas, sendo as construções análogas às da Terra; a vegetação, de tonalidade vermelha, é muito mais exuberante do que a terrena. Marte é ‘um irmão mais velho e mais experimentado na vida; seus habitantes sempre oram ao Senhor do Universo, em benefício da humanidade terrena’; habitantes têm arcabouço físico algo diferente do terrestre; alimentação: através das forças atmosféricas".

(NOVAS MENSAGENS, 1939)

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AGORA, A VISÃO DE PERCIVAL LOWELL:

"Do fato de que estas regiões são desertas e são pouco frequentadas pelo homem, e o observador se força a se limitar à natureza do caso, as regiões melhor adaptadas para a humanidade se tornaram menos adequadas para as observações astronômicas. Não porque o homem civilizado se empenhou ativamente em desfigurar esta parte da superfície da Terra tal como ele veio a entrar em contato, ele está igualmente ocupado tentando apagar o "seu" céu. Em sua busca nada louvável, ele se encontra no último quarto do século onde ocorreu progresso surpreendente. Com sucesso não muito desejável, seu habitat se tornou gradualmente um produto de sua própria iniciativa, o que rendeu terrenos em grande parte inadequados para qualquer tipo de trabalho astronômico. A fumaça expelida por inúmeras fábricas sobe pelo ar e forma núcleos sobre as quais coletas de nuvens se juntam às luzes elétricas, ajudando a eliminar as estrelas. Essas concomitâncias da civilização avançada se sucederam sobre os sonhos dos mais centrados na Terra em calar as vozes de quem pensa além de tais ideias, de forma que poucas crianças criadas nas cidades têm qualquer concepção das glórias dos céus dos pastoreios caldeus feita por astrônomos, apesar destes mesmos.

O velho mundo e o novo são afetados de forma semelhante por essa obliteração. Durante anos London liderou índices de poluição declaradamente devidos à fumaça, finas partículas de material sólido em suspensão fazendo esses pontos de condensação sobre cada vapor de água que se junta para formar uma nuvem. Com o crescimento de chaminés emissoras de fumaça em todo o mundo, outros centros de povoamento seguiram até hoje a Europa e o leste da América do Norte concorrem entre si sobre qual parte do céu deve ser mais afetado. Quando essa obscuridade não é patente para os homens da lei é evidente que isso seja para o meteorologista ou o astrônomo. Pelo escurecimento certeiro do céu azul, fumaça e poeira revelam sua presença bem acima de qualquer suposição de que esta coisa é visível em si mesma. Em uma época que o escritor teve ocasião de atravessar a Alemanha no verão, de Gotinga à Colônia e nelas se sentir impressionado com a formação de nuvens no céu ele se sentiu certo de que isso não existiu quando ele o via quando era garoto. Para tal mudança isso foi promissor e extensivo para ser levado em conta em suas brilhantes lembranças da juventude. Chegando a Colônia ele mencionou sua suspeita a Klein, só para citar sua corroborada interferência; observações feitas há vinte anos se tornaram impraticáveis hoje. Dois anos depois em Milão, Celória descreveu a mesma história, o estudo de Marte deixando de ser possível devido a esse motivo. Fumaça de fábricas e luzes elétricas se combinam a velar o planeta na época em que Schiaparelli desistiu de suas observações devido ao fracassado ponto de vista. Usando um sentido poético, o céu desapareceu na época em que os olhos do mestre se fecharam.

América não está atrás dessa corrida pela extinção do céu. Na vizinhança das suas grandes cidades e se espalhando por dentro de seu país, os céus deixaram de serem propícios para estudo. Não é por passar pelo Missouri que as estrelas brilharam como brilhavam antes da vinda do homem branco.

Poucos astrônomos puderam apreciar profundamente o que isso quer dizer, da frequência com que o homem demora para mudar suas condições. Isso envolve, de fato, entre Washington e Arizona para uma completa magnitude em que as estrelas ainda podem ser vistas. No antigo Observatório Naval, sessenta e quatro estrelas foram mapeadas em uma região onde, com um telescópio bem menor se pôde observar cento e setenta e duas estrelas em Flagstaff.

Junto a esse imediato uso de forma como estações de observação cercadas pelo deserto possuem interesse indireto na sua própria conta para o amplo estudo do fim da nebulosidade ajuda a promover, com o trabalho então considerado, para o estudo do planeta Marte. Eles ajudam a explicar o que se permite ser visível. Para a história da física do desenvolvimento da Terra eles estão entre os fenômenos mais recentes e marcam o começo do estágio da evolução mundial dentro do que Marte havia se avançado prontamente. Eles são sintomáticos por passarem para o globo terrestre uma experiência puramente terrestre. Desertificação, o estado no qual cada corpo planetário pode eventualmente sofrer e do qual, portanto, se torna necessário dar uma palavra, havia feito sua primeira aparição sobre a Terra. Se situando como havia feito na proximidade da época de sua existência planetária, isso pode ser comparado aos primeiros cabelos grisalhos de um homem. Ou melhor, isso corresponde à primeira geada de outono na passagem das estações. Para o início da era num planeta que indica não haver velhice em seus habitantes, mas uma maturidade nos resultados de seu estudo. A evolução nas mentes de seus cidadãos continua longa depois da desolação em que seu habitat se situou. Portanto, avanço no poder do raciocínio seriamente desenvolve apenas quando as condições materiais deixam de ser completamente propícias e a perda das facilidades materiais torna necessária esta aquisição científica para a vida".

"Hoje a inclinação axial de Marte é quase exatamente a mesma que a de nossa Terra, as determinações mais recentes de um conjunto de medidas que atribuem a elas 24°. Aqui, então, nós temos condições iniciais reproduzindo tais como a Terra. Mas do menor tamanho do planeta esse corpo pode agir mais cedo, desde que podemos perder seu calor interno de forma mais rápida, apenas como uma pequena pedra se esfria mais cedo do que uma maior. Em princípios gerais, portanto, isso deve hoje se avançar na sua carreira planetária. Em consequência, desertificação deve ser encarada mais em sua superfície do que havia ocorrido na Terra, em vez das correias estreitas de esterilidade que esperávamos encontrar nas relativamente vastas extensões dos Saaras".

(MARS AND ITS CANALS, 1906)

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