terça-feira, 6 de outubro de 2015

Desonestidade intelectual dos "espíritas" já é uma crueldade

TIDOS COMO "DISCÍPULOS" DE ALLAN KARDEC, OS ANTI-MÉDIUNS CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO LANÇARAM IDEIAS CONTRÁRIAS AO PENSADOR ESPÍRITA.

O "espiritismo" brasileiro é tido como a doutrina da "solidariedade", do "amor e luz", e tenta prevalecer com sua trajetória confusa e contraditória em que se alternam mistificações religiosas conservadoras, simulacros de cientificismo malfeitos e todo um verniz de filantropia para tentar seduzir a sociedade brasileira, tão desinformada das coisas.

Reclamam os "espíritas" que as críticas pesadas que se dirigem contra seu movimento e a crise em que vivem sua doutrina são fruto de campanhas "maliciosas" na Internet e manifestações de "ódio" e "intolerância" contra figuras que "se dedicam ao bem".

A verdade, porém, é que se multiplicam pesquisas sérias e imparciais que, longe de representar ódio ou intolerância religiosa, apontam, de maneira objetiva, as irregularidades diversas e complicadas não apenas nos bastidores do "movimento espírita", mas na análise apurada de suas obras e ideias.

O que chama a atenção de qualquer leigo que começa a questionar o "espiritismo" feito no Brasil é seu distanciamento em relação ao pensamento científico de Allan Kardec. Embora os "espíritas" insistam num vínculo tendencioso de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco ao pensador francês, como se fossem seus discípulos autênticos, análises comprovam extremamente o contrário.

A desonestidade intelectual de Chico Xavier e Divaldo Franco em relação ao pensamento de Allan Kardec é notória e não é preciso ser um perito para constatar tudo isso. É só ter em mãos os livros "psicográficos" dos dois anti-médiuns e comparar com as obras originais de Allan Kardec.

Para quem não sabe francês, o recomendável é que, para a comparação, se considerem os livros de Allan Kardec publicados pela LAKE (Livraria Allan Kardec Editora), traduzidos por José Herculano Pires e seus colaboradores, que procuram estar de acordo com os textos originais. Para quem entende francês, no entanto, a recomendação é que leia as obras no idioma original.

Só uma simples leitura, com atenção e despida de qualquer preconceito emocional religioso - a tal da "fé" e da "devoção" aos supostos médiuns - , Chico e Divaldo são desmascarados sem esforço, porque o que eles colocaram nos seus livros vai contra o pensamento de Allan Kardec, havendo aspectos que fogem da lógica e da abordagem do pedagogo francês.

Nem precisa aqui enumerar os deslizes doutrinários, que são muitíssimos e graves. Eles podem ser notados numa simples dedicação à leitura. É apenas exigido maior atenção nos argumentos, coisa que não exige formação acadêmica mas um mero esforço de pensar e interpretar as coisas para além das aparências e da retórica fácil.

POR QUE A DESONESTIDADE INTELECTUAL É TÃO RUIM

No "espiritismo", costuma-se defender a mentira em nome do amor ao próximo. Isso é um erro grotesco e aberrante, Usar os pretextos de caridade, da humildade e da solidariedade para mascarar a desonestidade intelectual e usar o amor para travestir a infidelidade doutrinária com o suposto cumprimento da ética tornam-se tão cruéis quanto a intolerância religiosa.

Primeiro, porque a ideia primária que se admite da espécie humana é a primeira violação feita pelo "movimento espírita": a capacidade do ser humano, diferente de outros animais, de raciocinar. O ato de pensar requer um compromisso com a lógica, através de uma progressiva busca de sentido para cada coisa ou ideia, que se evolui à maneira como a sociedade progride.

Embora bajulasse a Ciência e fingisse inclinação para o pensamento científico, o "espiritismo" sempre pendeu para o misticismo religioso e seu moralismo conservador. Primeiro, por uma questão de sobrevivência, quando os "espíritas" eram reprimidos pela polícia, depois, por pura convicção, apesar dos simulacros de cientificismo e o puxa-saquismo em torno de Allan Kardec.

A desonestidade intelectual de Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia com o pensamento de Allan Kardec já é, em si, uma crueldade. Ela consiste numa traição da busca do conhecimento e uma repressão ao aprimoramento intelectual.

Os "espíritas" falam que eram reprimidos pela polícia mas eles próprios policiam o pensamento investigativo, sempre visto como "maliciosas intrigas", "pensamentos venenosos", "campanhas intolerantes contra o trabalho do bem" e outras baboseiras, quando o único propósito dos questionadores é apontar contradições, erros e outras irregularidades.

O que se esperaria que a gente fizesse? Aceitar as aberrantes contradições que, por exemplo, ocorrem entre um livro como O Consolador (1941), de Chico Xavier e Emmanuel, e O Livro dos Espíritos (1857), de Allan Kardec, e fingir que a obra chiquista era apenas uma "revisão crítica" do pensamento kardeciano?

Os "espíritas" fazem o mesmo jogo dos católicos medievais, que propagaram mistificações e traições doutrinárias (no caso, contra o pensamento ativista original de Jesus de Nazaré) através da omissão. O "mistério da fé" dominou a crença católica e intimidou cientistas.

O "acreditar" dos "espíritas", com a suposta vitória da fé sobre o ceticismo, tenta cooptar cientistas e intelectuais a aceitar as mentiras e mistificações de Chico Xavier e Divaldo Franco, mesmo sob o preço caríssimo de bloquear os avanços do âmbito do conhecimento.

E isso não pode ser acobertado por alegações chorosas de "amor e bondade", seja admitindo ou não os erros que eles cometeram. A desonestidade intelectual é uma crueldade em si, porque é uma desonestidade.

Isso se observa quando os "espíritas" falam tanto em fidelidade doutrinária e no entanto traem a essência do pensamento de Allan Kardec, Só isso invalida qualquer relação com a solidariedade, e faz dos atos filantrópicos apenas recursos de demagogia e tendenciosismo. No país em que muitos "lavam" o dinheiro da corrupção com filantropia, também se mente "pelo amor do próximo".

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