domingo, 1 de maio de 2016

O "espiritismo" e sua incapacidade de pregar a boa teoria

POR UMA IRÔNICA COINCIDÊNCIA, O CIDADÃO VICIADO DA FOTO, QUE FAZ ANOTAÇÕES E É "ASSISTIDO" POR UM ESPÍRITO LEVIANO, LEMBRA CHICO XAVIER.

O "espiritismo" não consegue resolver suas contradições, principalmente quando fez a herança de Jean-Baptiste Roustaing, mais apreciado pelos "espíritas" brasileiros que Allan Kardec, tornar-se mais dissimulada por uma falsa fidelidade ao legado kardeciano.

Vemos, em muitas publicações "espíritas", o disparate que é a veiculação de conceitos teóricos trazidos por Allan Kardec, e as deturpações feitas no Brasil, sobretudo a partir de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.

Do lado de Kardec, vemos evocações de alertas severos, alguns trazidos pelo espírito Erasto, além de apelos para que se respeitasse a teoria mediúnica, a Ciência Espírita, o rigor metodológico e toda a cautela de procedimentos.

No entanto, permite-se que conceitos deturpados sejam transmitidos, sobretudo através dos preconceitos igrejistas de Emmanuel, ou uma mediunidade de faz-de-conta que mais parece uma propaganda religiosa mal disfarçada em que se usam os nomes de pessoas já falecidas.

Observa-se todo esse ritual de oscilação, todo esse processo de "duas caras" que só encontra aceitação porque as pessoas estão acostumadas, no Brasil, a esse jogo de "Dr. Jeckyll e Mr. Hyde" que envolve os vários setores da sociedade.

Só nos meios de comunicação, temos exemplos diversos de uma mídia esquizofrênica que apela para uma coisa e apela para outra. A Rede Globo é autoritária e manipuladora, mas se diz "democrática" e "imparcial" e consegue influir até em parte de seus detratores, inserindo neles desde o gosto musical até o hábito de falar gírias "globais" como "galera" e "balada".

Mas há também, em Salvador, a Rádio Metrópole FM, de Mário Kertèsz, que tem o "médium" José Medrado como contratado, emissora que é "progressista" e reacionária conforme as circunstâncias. Mas, no Rio de Janeiro, a Rádio Cidade também quer ser "rádio de rock séria" alternando momentos "nervosos" com programas tolos de besteirol, um deles sobre futebol (que nada tem a ver com rock).

Se a mídia segue essa tendência de ser uma coisa e outra, é compreensível que o "espiritismo" siga o mesmo descaminho e faça o mesmo desserviço. A doutrina brasileira, em vários momentos, chega a ser mais católica que a própria Igreja Católica, mas depois seus ideólogos investem na teoria kardeciana como se agissem em rigoroso respeito ao pedagogo francês.

Com essa oscilação, que por enquanto expressa o "balança mas não cai espírita", já que os partidários dessa fase dúbia (bajular Kardec e praticar a deturpação) acreditam no triunfalismo de si mesmos, o "espiritismo" cria uma grave mancha em sua trajetória. Antes fosse melhor assumir o roustanguismo ou a FEB e a Legião da Boa Vontade se fundirem em prol de um "neo-catolicismo astral".

Não há como pregar a boa teoria, fingir que pratica a Ciência Espírita, ilustrando propagandas de workshops com figuras de anatomia humana sob o fundo de paisagens cósmicas, ou dizendo que pratica a mediunidade com aquele faz-de-conta com mensagens religiosas que só mostra a caligrafia do "médium" e os dados pessoais do morto copidescados através de "leitura fria" e muita pesquisa.

Será que os palestrantes "espíritas" terão coragem de citar os avisos de Allan Kardec sobre evitar a influência de espíritos levianos na atividade paranormal se são eles que são beneficiados por essa "brincadeira" e por tantas deturpações que praticamente rasgam os escritos kardecianos?

Esse é o problema. É o de alternar a citação de conceitos kardecianos autênticos e a prática da deturpação. A ideia de dizer uma coisa e fazer outra, ou dizer uma coisa e dizer outra em seguida. Por isso é que a fase "dúbia" do "movimento espírita" está em sua grave crise. Com tudo isso, será possível acreditar em triunfalismo "espírita"?

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