domingo, 22 de maio de 2016

Quem está nadando em dinheiro no Brasil?


As pessoas acreditam no que a grande mídia diz e imaginam que está faltando dinheiro no Brasil. Mas, na verdade, não está. Houve uma sabotagem política e atribuiu-se à corrupção e ao desvio de dinheiro a uma minoria de políticos que nem temos certeza se foram todos eles que roubaram esse dinheiro.

Os bodes expiatórios foram tirados do poder, apenas por integrarem um partido político que as elites odeiam. As redes de TV e rádio, os grandes jornais e revistas, são representantes de um pensamento elitista e o povo acreditou em todas as calúnias e mentiras que foram lançadas.

Agora, todos estão pagando o pato. Sem saber que a crise econômica é muito menor do que a crise de valores que atinge o país. Essa, sim, é a crise que acontece, quando vemos uma "cultura" marcada por subcelebridades, canastrões musicais, mulheres siliconadas, livros para colorir e outras barbaridades.

Vivemos crise de valores em que o machismo impõe limites à emancipação da mulher, aconselhando-a a optar entre ser uma mercadoria sexual solteira ou uma pessoa inteligente vivendo sob a sombra de um marido. Ou um pensamento privatista que acredita tolamente que os serviços públicos no Brasil só serão eficazes de vendidos para um consórcio privado com capital estrangeiro.

Criou-se uma campanha nefasta e deu no que deu. Um governo impopular, antidemocrático, ignorante das necessidades populares, comandado por um inexpressivo político, Michel Temer, membro de um partido insosso ideologicamente, o PMDB, que no Rio de Janeiro provocou retrocessos calamitosos causando a decadência que o Estado está sofrendo, uma catástrofe que só a "boa sociedade" não consegue ver.

A crise econômica, na verdade, foi apenas um efeito de uma crise muito maior. De um apego a velhos paradigmas, apego a valores tecnocráticos, religiosos, paternalistas e moralistas, temerosos de ver totens caindo como dominó, sejam esses totens Chico Xavier, Jaime Lerner, Roberto Campos, o "funk carioca", o FMI, os investidores estrangeiros ou os quatro times cariocas (Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco).

O que ocorreu é que tem gente com dinheiro demais. Até pouco tempo atrás, a economia estava razoável e em ascensão. De repente, o dinheiro sumiu feito mágica. A verdade é que, desde 2013, as elites confiscaram o dinheiro, usando a desculpa dos eventos esportivos (Copa do Mundo e Olimpíadas) e, tomando o dinheiro do povo, inventou que estava havendo crise econômica.

Esse dinheiro está no PT? É bem provável que o PT seja o que menos confiscou esse dinheiro. Os empreiteiros, os políticos de partidos como PMDB e PSDB e outros similares, os grandes donos da mídia, os famosos, celebridades ou subcelebridades, os ídolos popularescos, os empresários do entretenimento, os especuladores financeiros e os "simpáticos" investidores estrangeiros, estes sim estão com todo o dinheiro nas mãos.

É aberrante que um homem de bem e com talento diferenciado tenha que procurar um emprego rudimentar e mal remunerado, enquanto assassinos em liberdade condicional que são ricos podem continuar sendo empresários, apenas não mais respondendo como presidentes de companhias, mas atuando tranquilamente em seus conselhos administrativos, dando sugestões e tudo.

Há gente nadando demais em dinheiro. Há apresentadores de TV ganhando um salário mensal de mais de R$ 70.000. Há subcelebridades milionárias. Há mulheres siliconadas ganhando uma fortuna imensa por cada única foto que publicam nas mídias sociais. Há DJs de "funk" se enriquecendo como magnatas de Primeiro Mundo usando o discurso de "som de pobre" e "cultura das periferias", explorando a boa-fé do povo que não vê seu pouco dinheiro ficar inteiro durante um mês.

E os líderes religiosos? Eles, inclusive os "espíritas", se enriquecem vendendo livros, participando de workshops caríssimos, explorando a boa-fé das pessoas, transformando a ideia de prosperidade e esperança numa mercadoria ilusória, numa fantasia para o consumo submisso de muitos brasileiros, forçados a acreditar em muitas mentiras sob o pretexto de salvar suas vidas!

As pessoas ficam horrorizadas quando se lembram de Dilma Rousseff viajando para o exterior para estabelecer contatos políticos e comerciais importantes para o convívio do Brasil com outras nações do mundo e o desenvolvimento econômico do nosso país.

Mas ninguém fica horrorizado quando Chico Xavier deu os direitos autorais à Federação "Espírita" Brasileira, enriquecendo o poder de seus dirigentes, centralizando o domínio de Antônio Wantuil de Freitas e asseclas. O pessoal imaginou que os direitos autorais iriam para o "pão dos pobres". Quanta ingenuidade!

Da mesma forma, ninguém fica preocupado quando Divaldo Franco usa o dinheiro da caridade para viajar, no bem bom, para o exterior, espalhando suas mentiras igrejeiras para os estrangeiros, semeando lorotas em outros lugares e apostando num mito absurdo como o das "crianças-índigo", tão decadente em seu país de origem, os EUA, que causou até divórcio no casal que inventou essa farsa esotérica!

Esse é o Brasil que acaba pagando pelos seus absurdos. Criou uma Marcha Deus e Liberdade, em 1964, patrocinada pelo corrupto governador paulista Adhemar de Barros e apoiada até por Chico Xavier e a FEB, por causa do horror às intenções de João Goulart em melhorar o país.

O Método Paulo Freire, projeto de educação para adultos que estimula a consciência crítica, a ação do povo em reivindicar e lutar por seus direitos e que ampliaria a visão de mundo das classes populares, é "criminalizada" porque contraria os interesses dominantes vigentes no país.

Já métodos de educação mais inócuos, como o da Mansão do Caminho de Divaldo Franco, são vistos como "profundamente transformadores", quando transformação profunda é o que nunca se faz por lá, sendo apenas um mediano projeto pedagógico que, no recheio, vem com proselitismo religioso, "estimulando" as pessoas a acreditarem nas ideias mistificadoras trazidas por Divaldo e Chico Xavier.

Diante desse quadro conservador, que já impulsionou a instauração de uma ditadura militar que causou falência no Brasil, temos agora o governo Temer aumentando ainda mais a crise. Pois a crise que tanto falaram do governo Dilma Rousseff só vai ocorrer mesmo no mandato do sisudo e "maduro" marido da jovem Marcela Temer.

A grande mídia mostra casos de biólogos, jornalistas, técnicos de Informática, cabeleireiros, farmacèuticos que trocaram seus empregos pela faxina, pelo trabalho em brechós, pelo trabalho em pastelarias e outras funções menores. Isso a gente sabe, essas ocorrências já são noticiadas desde os tempos do general Ernesto Geisel, há 40 anos!

O que se deve saber é quem é que está ficando rico demais. São os famosos da TV, os ídolos da breguice musical, as subcelebridades de reality shows, fora o que a gente conhece: parlamentares corruptos (vários deles beneficiados e glorificados com a saída de Dilma), magnatas sonegadores de impostos, executivos da grande mídia, dirigentes esportivos, ricos traficantes de drogas, aristocratas em geral e líderes religiosos.

Pior: o Brasil continua elegendo corruptos magnatas, com a mesma tranquilidade que permite que feminicidas ricos saiam da cadeia e consigam conquistar novas namoradas e bons empregos, porque o caráter moral é algo que pouco importa, nesse país sem valores.

Pois nossa crise não é econômica, é uma crise de valores, de princípios, da vontade humana. Daí a complacência que se volta para corruptos demagogos, assassinos ricos e religiosos mentirosos. A falta de dinheiro é tão somente um pequeno detalhe desse caos assustador.

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