quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Não há como aceitar "dois" Humberto de Campos. Descarte o falso

NÃO HÁ PROBLEMA. ESTE LIVRO JÁ NASCEU "QUEIMADO".

Devemos abrir mão do fanatismo religioso, no qual residem a pior das cegueiras, a pior das luxúrias, a pior cupidez, a pior das invejas e repousam as piores calúnias. Se um não-religioso tende a ser um vulcão extinto, muitas vezes o religioso é um vulcão adormecido que parece inofensivo, mas que em dado momento se estoura em erupções das mais trágicas.

Ficamos observando os seguidores de Francisco Cândido Xavier, que como vulcões adormecidos parecem ser montanhas inofensivas e serenas. Ao menor questionamento, estouram-se de raivas, feito vulcões que, depois de tanto tempo inativos, se despertam com muito barulho, fumaças tóxicas, lavas incandescentes e soltando pedras que caem no solo em fortes impactos.

É só verificar no YouTube, em que, por exemplo, a suposta profecia da "data-limite" gera uma série de bobagens, com muitos vídeos ruminando esse ou aquele aspecto do "sonho de 1969". Masturbações retóricas travestidas de filosofia, a verborragia de gente como Divaldo Franco corroborando tais delírios e todo um verniz de sabedoria e bondade para enfeitar essas verdadeiras demonstrações de desonestidade doutrinária em relação ao Espiritismo.

Se existe um questionamento, as pessoas que defendem Chico Xavier reagem com raivas intensas. Isso contraria, e muito, a ideia de que quem apoia o "médium" está protegido com boas vibrações e é portador das energias mais elevadas. À menor contrariedade, espumam de raiva feito cães ferozes. Houve gente que agiu até como psicopata, quando soube que Chico Xavier nunca passou de um autor de pastiches literários: "Volte, Chico, volte com sua mentiras a nos comover em lágrimas".

É esse sentimento que mostra o quanto o espetáculo de ilusionismo de Chico Xavier, que envolveu hipnotismo, leitura fria e Ad Passiones - qualquer acusação de fraude era rebatido pelo recurso falacioso do "apelo à emoção" - , foi muito mais uma técnica de manipulação das mentes das pessoas do que uma demonstração de um "trabalho do bem" que, no fundo, não gerou grandes resultados.

E aí chegamos a Humberto de Campos, um escritor infelizmente esquecido do grande público, e por isso associado indevidamente à deturpação da Doutrina Espírita. Chico Xavier muito provavelmente se vingou da resenha irônica do autor maranhense e, assim que este morreu, tomou posse de seu nome para produzir supostas obras espirituais e causou uma séria bagunça.

Essa bagunça lhe rendeu um processo judicial que, por sorte, deixou os juízes sem entender o que realmente ocorreu. Deu num empate que abriu caminho para o arrivismo de Chico Xavier, que só tomou o cuidado de mudar o nome, substituindo-o por "Irmão X" (paródia de um antigo pseudônimo que Humberto registrou em vida, "Conselheiro XX"; embora seja um "irmão xis" contra um "conselheiro vinte") para evitar "novos dissabores".

Aliás, nem foi preciso tal precaução. Chico Xavier seduziu a mãe de Humberto, Ana de Campos Veras, e depois aliciou o filho, do mesmo nome, um produtor de TV que já era influenciado por chiquistas que trabalharam na TV Tupi, como Augusto César Vannucci, por exemplo.

Foram formas de ludibriamento e assédio moral que parecem "lindos" mas que, até por esse aparato, soam muito mais perigosos e perversos. Ana de Campos recebendo cartas afetuosas do "bondoso médium", Humberto de Campos Filho recebendo supostas psicografias do pai com linguagem verossímil de afetos paternais muito fáceis de se imitarem.

Humberto de Campos Filho ainda visitou Uberaba e Chico Xavier foi mostrar sempre aquele aparato de caridade que sabemos ser paliativa. Senhoras cozinhando sopas. Velhinho pobre e abobalhado triste e que, depois que Chico Xavier lhe sussurrou alguma coisa, ele reagiu com uma alegria debilmente infantil.

Pronto. Chico Xavier poderia usar o nome de Humberto de Campos livremente. Foi como tirar doce de criança. Nos nossos dias, existem duas formas de obter impunidade plena: ser "espírita" e ser do PSDB. É permitido "aprontar das suas" que ninguém mexe.

Daí que, infelizmente, o verdadeiro Humberto de Campos está esquecido e o único consolo é ele ter seus "espaços próprios" dentro dos meios acadêmicos ou de seu seleto fã-clube. Nele, se admite que Humberto produziu apenas as obras que ele havia feito em vida, mesmo as de publicação póstuma. Mas é um espaço limitado, que não resolve o problema do falso Humberto de Campos que circula livremente por aí.

O pseudo-Humberto batiza casas e eventos "espíritas" e chega a ser mencionado como "mentor" de algumas delas. Seus livros são publicados impunemente nas livrarias, na Internet e ainda servem para palestras "espíritas" diversas.

O mais grave disso tudo é que a literatura do "espírito Humberto" e seu codinome "Irmão X" alimentam a atual tendência "espírita", a tendência dúbia, na qual o nome de Allan Kardec é bajulado ad nauseam e usa-se até os avisos de Erasto em causa própria, mas professa-se o igrejismo mais gosmento, de um catolicismo mais gorduroso que nem a Igreja Católica aguenta mais.

É uma sucessão de dissimulações, mentiras, deturpações. O "movimento espírita" é carregado do mais embolorado catolicismo medieval. Analogias a ritos e crenças católicas são feitas: "auxílio fraterno" (confessionário), "água fluidificada" (água benta), "colônia espiritual" (paraíso ou purgatório, conforme a interpretação), "espíritos de luz" (santos), "benfeitores espirituais" (anjos) etc.

No entanto, todos se dizem "rigorosamente fiéis" a Allan Kardec, dizem "respeitar totalmente" seus postulados e acreditam que a lógica e o bom senso estão ao lado dos "espíritas" brasileiros. Também, tudo fica fácil diante de traduções deturpadoras das editoras FEB e IDE, entre outras, para as obras do pedagogo francês.

Tomados do status religioso - o pior dos status que se pode ter, sendo um repositório das piores vaidades, dos piores orgulhos, e da pior posse de uma suposta reputação superior mais perigosa do que a mais abusiva posse material - , as pessoas usam e abusam de suas mentiras, mistificações, deturpações, e acham que vão ficar com a palavra final para tudo e, se não ficarem, ainda acreditam que podem recuperar esse privilégio com o vitimismo.

Num país desenvolvido, a literatura atribuída ao suposto espírito de Humberto de Campos teria sido banida, pelas caraterísticas observadas. Não haveria apelação e nenhum pretexto de bondade e caridade justificaria a publicação dessas obras. Falsidade é falsidade e não é usando a bondade como cúmplice da fraude que irá resolver o problema. Quando a bondade está a serviço da desonestidade, isso não é caridade, é escravidão.

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