segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O "mundo" da plutocracia está ruindo no Brasil


A rebelião de antigas supremacias sociais em reconquistar o poder, por enquanto, recuperou seus privilégios e, mesmo diante de tantas confusões, tenta se manter de pé mesmo à mercê de tantos escândalos graves.

É claro que isso traz um risco de um novo cenário fascista que pode trazer sérios holocaustos para o Brasil, já que a "revolta do bolor" traz de volta a hegemonia de setores retrógrados ou conservadores diversos, forçando o Brasil a andar para trás e apresentando a Idade Média ao nosso país.

O Brasil só fez aumentar sua crise quando afastou Dilma Rousseff do poder. Gente bem mais corrupta conquistou o cenário político atual, mas a prevalência de forças conservadoras e reacionárias faz com que seus seguidores permitissem todo tipo de irregularidade em nome do status quo.

Até parece que tudo começou com Francisco Cândido Xavier, um realizador de pastiches e plágios literários grotescos que sofreu a mais absoluta impunidade devido ao prestígio religioso que alcançou. Um dos piores arrivistas do país, Chico Xavier era um Aécio Neves do seu tempo, no sentido de praticar gravíssimas irregularidades e não receber punição alguma da Justiça.

O "espírito do tempo" de hoje é a recuperação desesperada do status quo. O Brasil virou um país de uma sociedade plutocrática e psicopata. Vários aspectos podem ser enumerados como posturas típicas da sociedade representada, de forma direta ou indireta, pelo poder retrógrado do governo de Michel Temer:

1) Pessoas já estabelecem critérios seletivos de justiça, radicalizando a já sutil impunidade da Justiça brasileira que condena os pobres e libera os ricos. Uma sociedade que se sente no direito de desejar a morte de petistas, mas se ofende quando se fala que feminicidas ricos têm câncer ou algum sério risco de falecer de infarto;

2) Pessoas masoquistas que, apoiando barbaridades como a PEC 241 do governo Temer, aceitam reduzir os salários dos trabalhadores, a venda das empresas brasileiras aos estrangeiros e a censura de conteúdo letivo na Escola Sem Partido sob a desculpa de "resolver a crise" e "trazer o progresso para o país";

3) Personalidades de extrema-direita como Jair Bolsonaro e seus filhos acabam tendo reputação expressivamente positiva entre a população, mesmo quando eles são denunciados (com provas documentais) por corrupção;

4) As pessoas estão desprezando princípios éticos e admitindo casos de corrupção, rupturas legais, interpretações legislativas tendenciosas e parciais, desde que se mantenha a reputação de pessoas dotadas de algum status quo maior: idade, dinheiro, fama, diploma, religião, poder político etc;

5) Surtos reacionários que revelam preconceitos de classe, raça, gênero e ideologia revelam uma assustadora liberdade de uma parcela da sociedade de transmitir visões segregacionistas que, em certos casos, são consideradas crime pela Lei;

6) Há uma cega adoração a pessoas que possuem algum status quo maior, seja atribuída à experiência de vida, experiência profissional, acúmulo de dinheiro, acúmulo de fama, projeção religiosa, prestígio político etc, a ponto de muitas pessoas se irritarem quando alguém diz que essas elites estão erradas.

Até nas famílias comuns os pais de família, iludidos com a idade e um simples acúmulo de décadas de vida, procuram sempre ficar com a palavra final para tudo, se aborrecendo quando contrariados, numa atitude diferente dos filhos, que normalmente estão preparados para desilusões e renúncias. É surpreendente que muitos pais têm medo de ouvir um "não" dos filhos, mais do que os filhos de ouvirem um "não" dos pais.

É assustador esse resgate de valores conservadores diversos, que variam do prestígio religioso a movimentos fascistas. Depois da libertinagem trazida pela bregalização cultural patrocinada pela grande mídia, ocorre o extremo oposto, com o resgate desesperado do que há de mais conservador na sociedade brasileira, sob os mais diversos aspectos.

No "espiritismo", nota-se a ascensão de ideias ultraconservadoras, como se os "espíritas" saíssem do armário mais uma vez e, depois de uma fase dúbia em que, desde os anos 1970, passaram a praticar igrejismo dissimulado com bajulações a Allan Kardec, aos poucos a doutrina brasileira da FEB e similares se torna praticamente a seita da Teologia do Sofrimento.

Sim, muitos textos publicados na Internet ou trazidos em "centros espíritas" e publicações escritas apelam para a aceitação do sofrimento e das desgraças, usando os mesmos argumentos dessa teoria católica-medieval, que defende o sofrimento humano como "aprendizado para a alma", o mesmo argumento já trazido no Catolicismo medieval e por seus seguidores da Teologia do Sofrimento.

Há até mesmo a literatura reacionária de Robson Pinheiro, o mais novo astro das supostas psicografias, e que escreveu livros usando alegações de "influências espirituais" para suas teses anti-petistas que cairiam muito bem nas páginas da revista Veja.

Mas o problema é que esse resgate de forças reacionárias que toma conta do país acontece com o consentimento de irregularidades diversas, como a "corrupção do bem" - no "espiritismo", por exemplo, a falsidade ideológica é até estimulada em nome das "mensagens de amor" - , a corrupção política, o desrespeito às leis e a prática de crimes, como o homicídio, sobretudo mediante bandeiras moralistas como "defesa da honra masculina" ou "direito à propriedade".

É uma sociedade que não mede escrúpulos em ser agressiva, estúpida, violenta, intransigente e intolerante, ou mesmo egoísta, impondo um "mundo cão" no qual é impossível lutar por melhorias. As pessoas do lado de baixo da pirâmide social é que têm que se adaptar para enfrentar um contexto social tão trevoso, e sobre estas se fazem as cobranças mais desmedidas e injustas, enquanto as oportunidades oferecidas são muito escassas e de difícil conquista.

Azar da plutocracia. O que ela faz é uma provisória retomada do poder, mesmo que seja para arrombar as portas da ética, da justiça social e do respeito humano. Isso porque, se a vida está instável e imprevisível para quem está no lado de baixo da pirâmide, quem está em cima não está menos invulnerável nesse cenário imprevisível e extremamente caótico.

De desentendimentos sérios entre os plutocratas até mesmo o risco de latrocínios, já que a exclusão social a ser implantada no governo de Michel Temer obrigará as elites a fazerem manobras rápidas para entrar nas garagens para evitar o assédio mortal dos assaltantes mais violentos, a sociedade "de cima" é que está vendo o mundo ruir e, por isso, tenta uma salvação desesperada reconquistando antigos privilégios.

Diante desse quadro, em que mesmo o governo Temer não tem garantias de completar o mandato, as elites correm o risco de enterrar os seus filhos, diante de uma explosão de um caos sem controle, já que a arrogância e a agressividade dos agentes sociais que tiraram Dilma do poder cobra um preço caro para os privilegiados que, diante de uma festa empolgante, terão uma ressaca extremamente dura e trágica, pelos naturais efeitos das injustiças sociais cometidas até com certo radicalismo.

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