terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A preocupante fúria dos "valentões" da mídia e da Internet


Já teve página satírica do "Escreva Lola Escreva" chamado "Lola Escreva Lola". Tem blogue de "comentários críticos" feito por busólogo psicótico querendo brigar com todo mundo.Tem página "jornalística" chamada "O Implicante". Canal de youtuber chamado "Mamãe Falei". Exércitos de reaças nas comunidades específicas do Facebook. Mentiras que criminalizam Lula nos vídeos do YouTube que se multiplicam feito cupins em madeira ruim.

O reacionarismo na Internet, a onda de ódio que se espalha nas redes sociais mas possui também ecos na grande imprensa. Veículos como a Globo News e as revistas Veja e Isto É também possuem jornalistas com essa mentalidade irresponsável. Se há um Reinaldo Azevedo e um Diogo Mainardi rosnando na mídia, o sociopata da busologia encontra estímulo para fazer sua paginazinha de "comentários críticos" para montar aos poucos sua coleção de desafetos.

Isso é terrível. O Brasil tem um cenário cultural tenebroso e chegou a um quadro político catastrófico. O país se tornou mais vulnerável a retrocessos, e mesmo depois da redemocratização em 1985 o Brasil nunca conseguiu recuperar plenamente os progressos sócio-culturais e econômicos sonhados duas décadas antes. O que ocorreu, até maio de 2016, foram tentativas, algumas até bem sucedidas, mas depois ceifadas pelo golpe político que assaltou o poder.

O que chama a atenção é que boa parte desses brutamontes digitais é religiosa. Em alguns casos, é uma "galera irada" que vive entre o porre de cerveja e a leitura da Bíblia. Entre o moralismo extremo e punitivo e a libertinagem irresponsável e impune, eles agem como uma grande ameaça, praticamente chegando ao poder com seus preconceitos sociais e seus abusos desmoralizantes.

O Brasil vive uma crise de valores e muitos desses agressores, na verdade, fazem "patrulha ideológica" para proteger valores ou reputações que estão ameaçados. Geralmente estão associados a valores, personalidades, abordagens ou atitudes que eram considerados dominantes antes da expansão da liberdade de expressão na Internet.

Da pintura padronizada em frotas de ônibus à venda do pré-sal do petróleo aos estrangeiros, passando por "mulheres-frutas", cantores estrangeiros dos anos 1970, jovens atores de novelas da Globo, times de futebol ou figuras como o reacionário Jair Bolsonaro, a "patrulha" ainda segue com uma agenda cheia de preconceitos sociais que antes imaginávamos superados ou intimidados.

As pessoas hoje não escondem que defendem a redução de salários, a venda de nossas riquezas para o exterior, o fim da escola pública, a escravização do trabalhador, a depreciação de negros, índios e pessoas LGBT, e se expressam abertamente não só na Internet, como em vários eventos públicos, ainda que em bastidores. Vide pessoas como o diretor teatral Cláudio Botelho, o empresário das lojas Riachuelo, Flávio Rocha, e o publicitário Nizan Guanaes.

O Brasil está doentio e não é por falta de religião. Pelo contrário, é a overdose de religião, combinada a uma contraditória coexistência de libertinagem e autoritarismo, O "espiritismo" brasileiro não deixa também de fazer sua parte, sobretudo quando seus palestrantes pedem para os sofredores aceitarem o sofrimento e perdoarem os abusos dos algozes, como se esses atos de complacência às injustiças sociais significassem alguma possibilidade de evolução humana. Só que não.

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