quarta-feira, 28 de junho de 2017

Sócrates e Jesus criticaram os falsos sábios de seu tempo


O Brasil está muito atrasado. Aqui as pessoas atribuem os falsos sábios como "verdadeiros" porque passam "mensagens amorosas" ou posam ao lado de crianças pobres. Ah, como é fácil mistificar e manipular as mentes das pessoas com os apelos à emoção (Ad Passiones)...

Quem conhece a trajetória do filósofo grego Sócrates e do ativista da Judeia, Jesus de Nazaré, sabe que os dois sempre contestaram os pseudo-sábios, marcados pela pretensão de terem respostas para tudo e da pose de grandiloquente erudição.

Sócrates se passava por ignorante não por um capricho religioso de submissão e suposta humildade, mas como um jogo irônico de fingir que exalta a sabedoria do interlocutor para depois desarmá-lo com argumentação habilidosa.

A frase "tudo que sei é que nada sei" é tão badalada e até apreciada por oportunistas e pedantes de todo tipo, ou de pessoas marcadas pela boa-fé da pretensa sabedoria, mas este sentido deturpado mais parece um gancho para mistificadores e oportunistas do que um atestado de simplicidade e realismo.

Jesus de Nazaré falava dos "sacerdotes" e dos "escribas", que fingiam humildade perante seus mestres religiosos, mas se gabavam em sentar nos primeiros bancos de seus templos, orando com falsa modéstia, enquanto falavam ou escreviam belas palavras, textos enfeitados, ou faziam oratórias em tons dramáticos, alguns se passando por "profetas".

Eram críticas duras que demonstravam os defeitos dos falsos sábios: textos empolados, oratória dramática, linguagem rebuscada, pretensão de ter respostas para tudo, ambição em possuir a verdade, fingir humildade a seus mestres religiosos, adotar extravagância nas poses e gestos.

As pessoas hoje em dia costumam enxergar o argueiro nos olhos dos oportunistas do passado, mas se recusam a ver as traves nos olhos dos oportunistas do presente. E o quanto os "médiuns espíritas" personificam os pseudo-sábios dos dias atuais, sem que, no entanto, despertassem qualquer tipo de desconfiança.

Embora a imagem dos "médiuns espíritas" agradasse muitas e muitas pessoas - é claro, à custa de muito Ad Passiones, tipo de falácia relacionado a todo tipo de apelo emocional - , eles se encaixam perfeitamente nas caraterísticas dos pseudo-sábios dos tempos de Sócrates e Jesus.

Como não pensar, por exemplo, no Divaldo Franco de poses grandiloquentes, oratória dramática, textos rebuscados, ideias prolixas e conceitos mistificadores? Dói para muitos saber que um ídolo religioso como ele pode estar associado à ideia de pseudo-sábio, o que faz muitas pessoas caírem da cama depois de sonharem com os "médiuns" cercados de criancinhas dançando ciranda.

E Francisco Cândido Xavier? A ignorância de Chico Xavier nem de longe pode ser comparada com a do filósofo grego. Afinal, não se trata da ignorância como modéstia contra a erudição acadêmica e nem um recurso irônico para desmascarar os falsos sábios. Até porque, neste caso, é Chico Xavier que é o falso sábio, e se ele foi ignorante em algo, foi de Espiritismo, porque ele nunca teve real interesse em conhecer profunda e honestamente o legado de Allan Kardec.

Dói para muitos brasileiros, tomados da emotividade cega que os mantém na zona do conforto da fé mistificadora e do entorpecimento das palavras belas e imagens dóceis, ver seus ídolos sendo definidos por outrem como falsos sábios, daí tantas resistências e revoltas, não raro com um ódio e uma irritação impróprios para quem se julga portador de elevadas vibrações.

Mas a verdade é que os "médiuns" são, sim, falsos sábios. Eles seguem a orientação igrejeira de Jean-Baptiste Roustaing, o que diz muito quanto ao fato de estarem afastados dos postulados espíritas originais. Nem todos que estufam o peito para dizer "Kardec, Kardec" serão considerados espíritas autênticos, e é certo que poucos que evoquem o nome do professor lionês sejam dignos de tal condição.

Os oportunistas do passado eram criticados por Jesus e Sócrates, mas os similares atuais dos falsos sábios tentam avançar na sua esperteza exaltando justamente quem reprovava os seus semelhantes de outrora. A esperteza mostra mil armadilhas e ser falso significa, acima de tudo, ter a pretensão de parecer verdadeiro, sem sê-lo de fato. Quantas armadilhas são colocadas num cenário que parece um jardim de flores...

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