quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

"A caridade espírita é pouca porque há poucos recursos". Será mesmo?


O diferencial do "espiritismo" brasileiro é que ele sempre tem uma desculpa pronta para qualquer coisa. No caminho da deturpação do Espiritismo que foi longe demais, até situações complicadas são resolvidas não pela coerência ou pelo acordo, mas pela forma persuasiva das desculpas usadas.

Por exemplo. Se um tarefeiro de um "centro espírita" for acusado de estuprar ou ao menos assediar uma adolescente, um ato que se sabe de grave desrespeito à integridade física humana, o tarefeiro, mesmo assim, tende a ser inocentado, pela alegação de que a culpa "seria" da adolescente, que ofereceu as "energias tentadoras do sensualismo" que desviaram do caminho um "servidor do bem".

No que se diz à "caridade espírita", que, com base no comentário contundente do autêntico espírita José Herculano Pires sobre o verborrágico deturpador Divaldo Franco - "conduta condenável no terreno da caridade", declarou o jornalista numa carta - , serve mais para promover os "médiuns espíritas", há uma desculpa pronta para quem comprovar que os resultados dessa "caridade" são baixíssimos e bastante inexpressivos.

Essa desculpa consiste na falsa pobreza, em um discurso que convence a muitos: "Nossa caridade traz menos resultados porque recebemos poucos recursos, os colaboradores são escassos e os donativos se escasseiam". Tudo isso seria verdadeiro se não fossem os seguintes problemas:

1) OS "BENFEITORES" SÃO PESSOAS MUITO PRESTIGIADAS

Os "filantropos" do "espiritismo" brasileiro são pessoas muito prestigiadas e muito badaladas. Aparecem em fotos ao lado de pessoas da alta sociedade. Fazem palestras para ricos. Recebem medalhas. Os "médiuns espíritas" se julgam "cidadãos do mundo" e detentores de uma grandeza que, aparentemente, é reconhecida no mundo inteiro.

Com esses atributos, evidentemente que se espera que eles recebam as mais generosas doações financeiras e suas "casas de caridade" se transformariam em oásis de prosperidade humana. Mas as "casas de caridade" sustentadas pelos "médiuns" não trazem uma realidade excepcional, tendo uma rotina sem muita prosperidade, embora sem grave pobreza.

Portanto, a sensação de grandeza dos "médiuns espíritas" desmente seriamente a hipótese de "falta de recursos", porque a altíssima reputação, construída pela campanha midiática e faz os "médiuns" serem considerados oficialmente "unanimidade", sugere que a sociedade está disposta a jogar rios de dinheiro e de donativos para as instituições "espíritas", tamanha a solidariedade que se dá aos "médiuns".

2) "BENFEITORES" NÃO AJUDAM. A AJUDA VÊM DOS "MÉDIUNS". VÊM DOS FREQUENTADORES

O dado chocante que a propaganda "espírita" esconde é que os recursos não vêm de iniciativa dos "médiuns" nem dos membros das "casas espíritas". Eles constroem seus prestígios pela ajuda dos outros. São os frequentadores que fazem compras, gastam seu dinheiro para adquirir mantimentos e outros donativos (como cremes dentais e roupas) para as instituições "espíritas". Ou seja, os "filantropos" se reduzem a ser meros distribuidores da caridade dos outros.

Isso faz com que a "caridade" se torne limitada. Os "espíritas" não querem abrir mão de seu conforto. Há "médiuns" que vivem em lugar ignorado, um bom apartamento ou uma casinha de classe média. No seu tempo, Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, apenas não tocava em dinheiro sujo, mas era sustentado e tratado sempre de maneira confortável.

A sua pobreza foi uma realidade que morreu em 1932. Chico Xavier teve vida aristocrática nos padrões "modestos" de um ídolo religioso. Não houve denúncias de abandono ou de Chico jogado no chão sujo e molhado de um hospital público. O "médium" mineiro, portanto, não morreu pobre, ele apenas não tocava em dinheiro, até o "filho" Eurípedes Higino foi administrador de Chico no fim de carreira, quase no mesmo papel que Antônio Wantuil de Freitas teve com o "médium" antes.

Quanto à "filantropia", Chico Xavier fazia um espetáculo de pura ostentação, as "caravanas do Amor", exibidas com muito alarde e festas, mas quando se observa as coisas com atenção, todo esse estardalhaço é feito com a caridade dos outros, porque os donativos e mantimentos foram trazidos por terceiros, mas acabam servindo para a promoção pessoal do "médium", como falaremos depois.

3) A "CARIDADE" É FEITA PARA ATRAIR MAIS DINHEIRO PÚBLICO

Como instituições registradas por lei como filantrópicas, as "casas espíritas" estão isentas de pagamento de impostos. Além disso, como várias instituições religiosas, é bem fácil pedir um monte de dinheiro do qual apenas uma menor parte é destinada realmente para ações ditas filantrópicas. O resto vai para o conforto de seus membros ou mesmo dos "médiuns espíritas", que na prática são aristocratas da fé religiosa, que acumulam prêmios volumosos na vida terrena.

É fácil uma instituição "espírita", que precisa de R$ 100 mil para sustentar seus trabalhos e serviços, pedir um valor dez ou vinte vezes menor. Chegam mesmo a carregar no apelo publicitário das imagens de crianças pobres, para forçar a comoção pública dos homens do Estado e assim serem concedidas verbas públicas que, em boa parte, "permitirão", pelo "mérito de luz", que "médiuns" comprem bons carrões, bons apartamentos e viajem para fazer turismo na Europa, a pretexto de "divulgar a boa palavra cristã".

4) A CARIDADE SERVE PARA A PROMOÇÃO PESSOAL DOS "MÉDIUNS"

A "filantropia" tem poucos resultados porque não é o propósito do "espiritismo" brasileiro, que faz apologia do sofrimento humano, pedindo para os sofredores aceitarem as desgraças com resignação e sem queixumes, trazer profundas transformações sociais.

As ações de "caridade" servem mais como um gancho para os "médiuns espíritas" obterem prestígio social, se valendo de uma suposta ação generosa, feita mais para abafar as críticas feitas a eles - que incluem desde obras "mediúnicas" fake até desvios doutrinários em relação aos ensinamentos espíritas originais - do que para realizar uma transformação social na vida das pessoas pobres.

Nota-se, aliás, que, pela grandeza com que se autoproclamam os "médiuns espíritas", seria certo que eles recebessem muitos recursos e, com sua "caridade", o Brasil inteiro atingisse níveis escandinavos de vida, com profundo desenvolvimento social que faria com que os lugares protegidos tivessem baixíssimos índices de criminalidade e pobreza.

A realidade, porém, mostra o contrário, e locais onde se situam "casas espíritas" diversas são os que mais veem crescer e piorar a violência, seja o Jacarezinho (próximo de onde fica o Centro Tupyara) e Bento Ribeiro (onde fica o Leon Denis) no Rio de Janeiro, o Fonseca (onde fica o Centro Dr. March), em Niterói e Nordeste de Amaralina (perto de onde fica o Centro Paulo e Estêvão), em Salvador.

Locais como Uberaba e o bairro de Pau da Lima, também em Salvador, também são os que sofrem grande decadência social e onde a violência cresce de maneira descontrolada, havendo ocorrências até mesmo durante a luz do dia. Isso revela o fracasso que é a "caridade espírita", pois nem nos redutos de Chico Xavier e Divaldo Franco a melhoria veio para as populações pobres. Isso mostra o fracasso da suposta filantropia de uma doutrina deturpada que é o "espiritismo" brasileiro.

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